segunda-feira, 6 de junho de 2011

CONQUISTA DA AMÉRICA


Na mesma época em que a Espanha acabava de consolidar a expulsão dos muçulmanos, Colombo descobria a América para os Reis Católicos e os espanhóis iniciavam a conquista das novas terras, misturando os motivos de missão religiosa com os da sede de riquezas e poder. Em sentido restrito, dá-se o nome de conquista da América espanhola à que foi realizada pelos espanhóis nos territórios das civilizações do Novo Mundo. Ao contrário de outros processos colonizadores, como o do Caribe, o do rio da Prata ou o do Brasil pelos portugueses, essas campanhas de conquista foram levadas a efeito contra estados ou confederações de tribos que contavam com exércitos permanentes e elevado grau de organização. Foram, portanto, verdadeiras operações militares, executadas por soldados profissionais diante de forças em geral muito mais numerosas. Apesar disso, a vantagem dos espanhóis era incomparável, propícia a estimular-lhes a prepotência e a crueldade, pois seus adversários não conheciam as armas de fogo e chegaram a vê-los como deuses.
Os interesses econômicos e políticos da monarquia espanhola foram as forças mais determinantes das viagens e expedições de conquista dos territórios descobertos por Colombo. Acostumados durante séculos à guerra contra os árabes, os espanhóis trataram o Novo Mundo como a nova fronteira de seu poderio e da fé cristã. Cogitando de utilizar os indígenas como mão-de-obra submissa, deram prioridade à dominação das regiões culturalmente adiantadas, como o México e o Peru, em vez daquelas em que o estado selvagem dos nativos pudesse dificultar a exploração econômica. Os conquistadores eram, ora da pequena nobreza castelhana, ora aventureiros, provindos principalmente da Andaluzia, Extremadura e Castela.
Nomeado almirante, vice-rei e governador das terras que descobrira, Cristóvão Colombo ainda teria direito à décima parte do que obtivesse na colonização, a que deu início em 1493, com sua segunda viagem à América. Por meio de bulas papais, e do Tratado de Tordesilhas (1494), as terras do continente foram divididas entre a Espanha e Portugal. Explorando a ilha de Hispaniola (La Española), Colombo e os espanhóis chegaram a parcos resultados. Com as últimas viagens do navegador (terceira e quarta), foram alcançadas a ilha de Trinidad, a foz do Orinoco, o golfo de Honduras e a costa centro-americana até o Panamá.
As muitas outras viagens às Américas, de navegadores como Américo Vespúcio, Pedro Álvares Cabral, Vicente Yáñez Pinzón, acabaram de convencer a Espanha a empreender um esforço especial de conquista e colonização das novas terras. Em 1508 Diego de Nicuesa e Alonso de Ojeda tentaram inutilmente estabelecer colônias na costa norte da futura Colômbia. Pouco depois Vasco Núñez de Balboa fundou no istmo do Panamá a povoação de Santa María la Antigua, partindo daí para o chamado mar do Sul, o oceano Pacífico, aonde chegou em 1513.
Seguia-se, aos poucos, a tomada de outras ilhas. Juan Ponce de León fora encarregado em 1508 de conquistar Porto Rico. Conforme antiga tática espanhola, casou-se com a filha de um cacique local, aplainando o caminho dos espanhóis. De importância estratégica, a Jamaica tornou-se uma das metas mais cobiçadas. Em 1509 Juan de Esquivel fundou ali a cidade de Santiago de la Vega. Dois anos depois Diego de Velázquez começava a conquista de Cuba, fundando Baracoa, Santiago e Havana. No entanto, embora sem ter como resistir militarmente, os índios do Caribe não se submeteram à escravidão, provocando grande ira dos invasores, que os extinguiram quase completamente.
Enquanto isso, Juan Díaz de Solís descia a América do Sul até o rio da Prata (1515), Alonso de Pineda chegava à foz do Mississippi (1519), Gaspar de Espinoza explorava a costa oeste da América Central e do México, o português Fernão de Magalhães e seu colega espanhol Juan Sebastián Elcano deram a primeira volta ao mundo, de 1519 a 1522.
Conquista do México. La Española e Cuba tornaram-se as bases logísticas para a conquista do continente. Em 1517 os espanhóis exploraram a península de Yucatán, entrando em contato com a civilização dos maias, então em decadência. Os relatos sobre as riquezas desse povo despertaram o interesse do governador de Cuba, Diego de Velázquez, que enviou nova expedição às terras mexicanas, sob o comando de Juan de Grijalva (1518). Este, contornando o litoral da península de Yucatán, chegou a Tabasco, onde conferenciou com representantes do governo asteca, subindo depois até o lugar em que mais tarde se fundaria Veracruz.
Encontrando pela frente um número excessivamente grande de indígenas, Grijalva voltou a Cuba e o governador confiou a Hernán Cortés uma terceira expedição. Cortés explorou a ilha de Cozumel (1519) e desembarcou na costa de Tabasco, subjugando os índios. Foi em seguida para a ilha que recebeu o nome de San Juan de Ulúa e a 21 de abril de 1519 chegou à costa continental, onde fundou Villa Rica de la Vera Cruz (Veracruz).
Com base na tradição espanhola da autonomia municipal, Cortés fez suas tropas reconhecerem-no como capitão-geral, assumindo autoridade suficiente para conquistar o México independentemente das ordens de Velázquez. Os espanhóis receberam representantes do imperador asteca Montezuma II, que indagaram a intenção dos invasores e tentaram convencê-los a não ir adiante. Houve também um encontro com os índios totonacas, dominados pelos astecas, que se comprometeram a compor com Cortés contra Montezuma. Avançando em direção à capital do império, o capitão espanhol recebeu muitos presentes, por ter sido identificado com o deus Quetzalcóatl.
Antes de chegar a Tenochtitlan, encontrou a oposição dos habitantes de Tlaxcala, que, embora inimigos dos astecas, enfrentaram duramente os espanhóis, sofrendo milhares de baixas. Os tlaxcaltecas restantes resignaram-se a aliar-se com os conquistadores. Continuando o avanço, Cortés entrou em Cholula, cidade sagrada dos astecas, onde não houve nenhuma resistência. Apesar disso, e recebendo novos emissários de Montezuma, o capitão fez um enorme morticínio, degolando os moradores da cidade e ateando-lhes fogo. Os enviados de Montezuma tiveram a vida poupada para poderem relatar o ocorrido.
Atemorizado ante a esmagadora superioridade militar dos invasores, o imperador foi ao encontro do comandante espanhol, recebendo-o amistosamente e entrando com ele na cidade. Tornou-se, assim, um precioso refém de seus inimigos, que logo despertaram o horror da população, por seus abusos de violência e cobiça. Com a notícia de que Velázquez, o governador de Cuba, enviara tropas para Veracruz, Cortés deixou Tenochtitlan. Em seu lugar ficou Pedro de Alvarado. Seus homens, durante uma festa religiosa, destruíram imagens astecas, mataram vários chefes e guerreiros, levando o povo de Tenochtitlan à sublevação.
Montezuma, tentando apaziguar os súditos, foi morto por eles. Seu irmão Cuitláhuac assumiu o governo, enquanto Cortés já regressara, depois de derrotar e incorporar as tropas de Velázquez. Em 30 de julho de 1520, na chamada "noche triste", os espanhóis foram derrotados por Cuitláhuac, retirando-se para Tlaxcala.
Em dezembro, com reforços vindos de Cuba, Cortés novamente atacou Tecnochtitlan, onde após a morte de Cuitláhuac -- vitimado pela varíola, uma das piores armas que os invasores trouxeram da Europa --, o poder passara para Cuauhtémoc, sobrinho de Montezuma II. Em abril de 1521 completou-se o cerco da cidade, que foi bombardeada a partir da lagoa a sua volta por diversos bergantins. Os astecas viram-se dizimados pela destruição, pela varíola e pela fome, resistindo até agosto, quando os espanhóis apoderaram-se da cidade e de Cuauhtémoc, que inutilmente tentou a fuga.

Dentro em pouco, todo o resto do México estava conquistado, assim como a Guatemala, onde Pedro de Alvarado, depois de forte resistência, fundou Santiago de los Caballeros, e Honduras, subjugada por Cortés. Em 1528 fundou-se a cidade de San Salvador. Os novos territórios passaram a depender dos tribunais da Nova Espanha e da Guatemala, sob cuja jurisdição se encontrava toda a América Central, o istmo do Panamá e parte do México. Em 1534 todas as terras mexicanas e centro-americanas converteram-se no vice-reino da Nova Espanha.
Os navegadores que percorreram a costa do Pacífico difundiram notícias sobre o vasto império inca, em grande parte identificado, na imaginação dos conquistadores, com o reino fabuloso do Eldorado, que se pensava existir na região. Duas expedições de reconhecimento, em 1524 e 1526, localizaram os centros mais importantes e confirmaram a existência de riquezas extraordinárias.
Empreenderam a conquista Francisco Pizarro e seus auxiliares Diego de Almagro e Hernando de Luque, à frente de uns 200 homens (1530). Valendo-se da situação de guerra civil em que se opunham os irmãos Huáscar e Atahualpa, os espanhóis avançaram rapidamente. Depois da fundação de San Miguel, primeira posição espanhola estabelecida no Peru, os conquistadores dirigiram-se a Cajamarca, de onde atacaram os índios de surpresa e capturaram Atahualpa. O inca (originalmente título do soberano desse império), que vencera e mandara matar o irmão Huáscar, entregou a Pizarro imensas riquezas em troca da liberdade. Ainda assim, foi executado.
Pizarro seguiu então para Cuzco, apossando-se de todas as terras por onde passava. Ante a perturbação causada pela morte de Atahualpa, os incas e os povos índios que lhes eram subordinados aceitaram a dominação espanhola e, após entrar em Cuzco, com a conquista praticamente consolidada, Pizarro reconheceu Manco Cápac como novo chefe inca. Com o Peru inteiramente sob seu controle, os conquistadores saquearam as riquezas do império e procuraram os lugares mais propícios à fundação de cidades. Em 1535 foi fundada Los Reyes, futura Lima.
Não tardaram a surgir desavenças entre os espanhóis responsáveis pelo domínio das novas terras, entre as quais o norte do Chile. Diego de Almagro fizera expedições a essa região, mas seu conquistador foi Pedro de Valdivia, que em rápida incursão fundou as cidades de Santiago, Valparaíso e Concepción, entre outras, de 1541 a 1550. Em 1553 no entanto os araucanos, guiados pelo cacique Lautaro, conseguiram capturá-lo e matá-lo. Após meio século de guerra, o rio Biobio foi reconhecido pelos espanhóis como a fronteira norte das terras araucanas, que assim permaneceram até a segunda metade do século XIX.
Também a partir do Peru se realizaram diversas expedições em direção ao norte e a leste. Em 1534 Sebastián de Belalcázar e Diego de Almagro fundaram San Francisco de Quito. O primeiro, pouco depois, incorporou aos domínios espanhóis o norte do Equador e o sul da Colômbia. Em 1540, integrando uma expedição comandada por Gonzalo Pizarro (irmão do conquistador), Francisco de Orellana percorreu o Amazonas desde os Andes até a foz.
No norte da América do Sul, Gonzalo Jiménez de Quesada subiu o rio Madalena a partir do Caribe e em 1538 fundou Santa Fé de Bogotá, no centro da confederação das tribos chibchas. As desavenças entre os chefes desses índios permitiram aos espanhóis apoderar-se de seu território e saquear-lhe as riquezas. Outra expedição, chefiada por Belalcázar, foi de Quito até a meseta de Bogotá, fundando no caminho Cali e Popayán. Nicolás Federmann, capitão-geral da região venezuelana que Carlos V (I da Espanha) concedera aos banqueiros alemães Welser, encontrou-se depois com os capitães espanhóis para juntos decidirem submeter ao juízo da coroa a titularidade da conquista.
A expansão territorial da Espanha no continente completou-se com a conquista do rio da Prata. Em 1516 seu estuário foi descoberto por Díaz de Solís, mas a conquista propriamente dita foi obra de Pedro de Mendoza, quando fundou (1536) Santa María de Buen Aire, mais tarde de Buenos Aires. A escassez de víveres e os ataques de índios obrigaram os colonizadores a abandonar a cidade, que na época era muito isolada. Na viagem de volta à Espanha, Mendoza morreu. Juan de Ayolas e Domingo Martínez de Irala, seus oficiais, encarregaram-se de continuar seu trabalho e fundaram Assunção, que se tornou centro da colonização espanhola da região. Estabelecimentos agrícolas e de pecuária no noroeste do que viriam a ser as províncias argentinas de Salta e Jujuy prosperaram bastante e garantiram alimentos para a zona de mineração de Potosí, onde se constituiria a atual Bolívia. A conquista do rio da Prata consolidou-se em 1580, com a segunda fundação de Buenos Aires, a cargo de Juan de Garay.

sábado, 4 de junho de 2011

HISTÓRIA SEMPRE

Vivemos um belo exemplo de como a História é uma realidade. O notíciário sobre os protestos dos bombeiros é um expressão da luta pelo predomínio de uma opinião que vitoriosa ganhará espaço na história recente. Lembremos que duvidar é o melhor lema para um estudioso que deseja desenvolver o senso crítico. Não basta apontar quem é "mentiroso" nesse momento pois trata-se de um debate que mobiliza interpretação. Aos alunos da 1029, mais um exemplo para o Projeto "Tudo é Verdade". Espero que estejam se organizando sob a coordenação da colega citada em sala de aula. Convido a leitura do artigo que está no link abaixo.
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Artigo sobre a Crise Política no Rio de Janeiro>>>>

http://votopositivo-cg.blogspot.com/2011/06/conjuntura-do-rio-de-janeiro.html

AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA

Antes de Incas e Astecas, importantes grupos se desenvolveram na Mesoamérica, como os Olmecas e os Maias, estes últimos conhecidos como "os gregos do Novo Mundo".
Os olmecas
A cultura olmeca, que se originou na costa sul do Golfo do México (La Venta, San Lorenzo, Tenochtitlán, Três Zapotes), é considerada a primeira cultura elaborada da Mesoamérica, e matriz de todas as culturas posteriores dessa área.

Quem foram os olmecas? A sua antigüidade remonta á época em que na Europa, depois de invadirem Creta, os aqueus se preparavam para conquistar Tróia. Portanto, por volta do século XIII a.C., surgiu na América a primeira civilização. Que durou até cerca do ano 100 a.C.. As características marcantes do Império Olmeca, que se estendeu desde o México Ocidental até, talvez, a Costa Rica - foram a escultura monumental (colossais cabeças de pedra) e a presença de centros cívicos religiosos a que se subordinavam áreas periféricas (satélites).
Tem razão o historiador mexicano Ignacio Bernal em declarar que ''para nós, americanos, ainda é melhor conhecida a vida de Roma que a de Tenochtitlán ou de Cuzco". Embora já se conheça razoavelmente bem a vida econômica e sócio-política dos astecas e incas, a mesmo não acontece com relação aos olmecas. Recentes pesquisas arqueológicas, realizadas em San Lorenzo, um dos principais centros Olmecas e, provavelmente, o primeiro centro civilizada da Mesoamérica, nos dão conta da existência de colinas artificiais, com desaguamentos subterrâneos que funcionariam como sistemas para controle da água. A costa meridional do Golfo do México é uma área pantanosa, irrigada por numerosos rios. Nesse ambiente tropical, os olmecas cultivaram milho, feijão e abóbora, complementando a subsistência com os produtos obtidos através da caça e da pesca.
Além de talhar monumentos gigantescos, feitos de pedra, os olmecas também destacaram-se no artesanato de jade. Nem pedra, nem jade existiam no litoral do Golfo. Os olmecas iam buscar essas matérias-primas em regiões distantes. Como não conheciam a roda, nem possuíam animais de carga, a pedra era transportada em balsas, por via fluvial. A procura do jade deve ter servido como estimulo ao comércio, que se fazia através de numerosas rotas. Acredita-se que a notável influência olmeca na Mesoamérica seja devida á extensão desse comércio. A organização social dos olmecas era bastante desenvolvida. A população, espalhada pelo Império, dividia-se entre urna minoria (sacerdotes, artífices de elite), que habitava os centros cerimoniais, e a maioria do povo - camponeses - que vivia nas aldeias. Nos centros cerimoniais, como o de La Venta, havia altos cômoros, em forma de pirâmide truncada, construídos sobre grandes plataformas de terra, organizadas ao redor de plazas, segundo um plano sistemático. Esses montículos de argila eram rodeados de enormes fossas, onde foram encontradas máscaras religiosas profundamente enterradas. Ao que parece, os cômoros tinham funções primordialmente funerárias é de se supor a existência de Chefias ou Estados incipientes (como em Três Zapotes), devido á necessidade de supervisão e planejamento, além de recrutamento de numerosa mão-de-obra, para a construção das pirâmides, plataformas e aterros.
O valor dominante do religioso caracterizou a Arte olmeca. A escultura era bastante desenvolvida: monumentais cabeças de pedra, com rosto redondo, lábios
grossos e nariz achatado; estatuetas com formas humanas; e outras apresentando uma mistura de traças humanos e felinos (aguar). Todas caracterizavam-se pela boca retorcida - típica da Arte olmeca. São freqüentes as representações do jaguar, a principal divindade, sendo que o homem-jaguar representaria, provável mente, o deus da chuva. Quanto a pintura, dela encontraram-se poucas exemplares, em locais distantes. Sabe-se que tinham conhecimentosde 
Astronomia - basta observar-se o traçado das suas cidades, obedecendo aos pontos cardeais (como La Venta) e um calendário, pois foram encontrados, em alguns monumentos, registros de datas muito antigas. Também conheciam a escrita e possuíam sistemas matemáticos. Muitos traços e tradições dos olmecas sobreviveram entre as diversas culturas que os sucederam, como é o caso das culturas dos maias e astecas.
Os maias
Os maias - que ocuparam as planícies da Península do Iucatã, quase toda a Guatemala, a parte ocidental de Honduras e algumas regiões limítrofes constituíam povos que falavam línguas aparentadas, e elaboraram uma das mais complexas e influentes culturas da América. Alguns historiadores, para quem a Europa é o centro do mundo, chegaram a comparar os maias aos gregos, em termos de importância cultural. Estes Gregos do Novo Mundo possuíam uma economia agrícola baseada na produção do milho, considerado alimento sagrado, pois dele se teria originado o homem, segundo a mitologia maia. A terra era cultivada coletivamente, obrigando-se os camponeses ao pagamento do imposto coletivo. A caça e a pesca eram atividades complementares, sendo desconhecida a pecuária.
A organização social dos maias ainda é, em grande parte, desconhecida. Entretanto, através do estudo da Arte maia, sobretudo de sua Pintura, pode-se caracterizar essa civilização como uma sociedade de classes. Uma elite (militares e sacerdotes) constituía a classe dominante, de caráter hereditário, que habitam as numerosas centros cerimoniais, circundados pelas aldeias onde vivia a numerosa mão-de-obra composta por camponeses submetidos ao regime da servidão coletiva. Os centros maias não eram apenas o lugar da administração e do culto, mas também exerciam funções comercias: trocas de produtos cultivados e de artigos do artesanato, (objetos de ouro e cobre, tecidos de algodão, cerâmica), sendo muito importante o ofício de mercador. Havia ainda os escravos, cujas figuras apareciam em numerosos monumentos do Antigo Império Maia. "Estas figuras de cativos certamente são uma representação dos prisioneiros de guerra reduzidos á escravidão, ainda que possam representar também as pessoas de todo um povoado ou aldeia, coletivamente, melhor do que a um indivíduo em especial, as vezes, os rostos dos prisioneiros são diferentes dos das principais figuras, diferença que possivelmente indica que os senhores pertenciam a uma classe hereditária especial."
Politicamente, acredita-se que o governo maia fosse uma teocracia, exercida pelo Halach Uinic, de caráter hereditário, incumbido da política interna e externa,
e do recolhimento do imposto coletivo das aldeias. Uma espécie de Conselho assessorava esse governante. As chefias das aldeias eram exercidas pelos Batab, com jurisdição local e submetido ao supremo governante, como, aliás, todos os habitantes das aldeias e os funcionários reais. Estas chefias locais poderiam ser constituídas pelas antigas aristocracias tribais, cooptadas pelo Estado para melhor afirmar sua autoridade sobre as aldeias. Havia ainda os Nacom, chefes militares eleitos por um período de três anos, que intervinham nos assuntos da guerra, organizando o exército; e funcionários menos categorizados, os Tupiles, que zelavam pela ordem pública.
Os maias na verdade, nunca chegaram a constituir um Império: cada cidade com suas respectivas aldeias, formava um Estado independente: Palenque, Copán, Tical e outras.
Do ponto de vista religioso, os maias acreditavam que o destino do homem era controlado pelos deuses, e, assim, toda sua produção cultural foi nitidamente influenciada pela religião. A arquitetura era sobretudo religiosa. Utilizando principalmente pedra e terra como materiais, e trabalho forçado da numerosa mão-de-obra camponesa, construíram-se templos, de forma retangular, sobre pirâmides truncadas, com escadarias, e estendendo-se ao redor de praças. Também se edificaram palácios, provavelmente para residência dos sacerdotes, em que os interiores , geralmente longos e estreitos, eram cobertos por uma falsa abóbada, característica desse tipo de edificação. Todas as dependências revestiam-se de elaborada decoração - esculturas, pinturas murais, geralmente representando cenas guerreiras ou cerimoniais (altos dignitários sendo homenageados ou servidos por súditos). A escultura em terracota foi outro exemplo notável da Arte maia, enquanto a Pintura, utilizando cores vivas e intensas, atingiu alto grau de perfeição.
A preocupação religiosa também estava presente nas realizações dos maias no campo do registro do tempo. Uma das grandes realizações devidas aos sacerdotes foi o calendário da América Central. Todas as religiões se interessam pela determinação do tempo. Elas ligam o ciclo vital da indivíduo aos atos rituais que revivem periodicamente na sociedade e sincronizam este tempo social com a marcha do tempo. O calendário cíclico, que abrangia um período de 52 anos, era um sistema complexo de contagem do tempo, agrupando três ciclos, com número diferente de dias e com múltiplas combinações. Esse calendário orientava as atividades humanas e pressagiavam as vontades dos deuses. Os maias fizeram notáveis progressos na Astronomia. (eclipses solares, movimento dos planetas). Também adquiriram avançadas noções de Matemático, como um símbolo para o zero e o principio do valor relativo.
Embora não esteja ainda de todo decifrada, já se sabe que a escrita maia, considerada sagrada, não se baseava em um alfabeto: havia sinais pictográficos e símbolos apresentando sílabas, ou combinações de sons. No que restou da produção literária, sobressai o Popol Vuh, livro sagrado dos
maias, que contém numerosas lendas e é considerado um dos mais valiosos exemplos de Literatura indígena.
Por volta do ano 900, o Antigo Império Maia sofreu um declínio de população,e teria iniciado um processo erroneamente confundido com decadência. Alguns
estudiosos atribuem o abandono dos centros maias à guerra, insurreição, revolta social, invasões bárbaras etc. De fato, os grandes centros foram abandonados, porém não de súbito. As hipóteses mais prováveis apontam para uma exploração intensiva de meios de subsistência inadequados, provocando a exaustão do solo e a deficiência alimentar.
A cultura maia posterior, fundindo-se com a dos Toltecas, prolongou-se no Novo Império Maia até a conquista definitiva pelos espanhóis. 
Astecas 
Os astecas habitaram a região da atual Cidade do México, entre os séculos XIV e XVI. Organizados a partir de uma teocracia, isto é, a crença de que o imperador era uma espécie de deus, esses povos tinham uma divisão social altamente hierarquizada. As camadas mais baixas, formadas por camponeses, principalmente, além de pagarem altos impostos ao imperador, eram obrigadas a lhe prestar serviço em grandes obras de interesse público.
Moctezuma II (1466-1520), governante (tlatoani) asteca.
A economia dos astecas era baseada na agricultura, principalmente na plantação de milho, pimenta, tomate e cacau. Politeístas, eram fortemente influenciados pela região. Um exemplo disso é a realização de sacrifícios humanos com o fim de agradar aos deuses.
Incas
O império inca se localizava na região atual do Peru, Bolívia, Chile e Equador. Esses povos tinham uma economia baseada na agricultura e eram detentores de um razoável sistema de estradas. Sua sociedade era hierarquizada e bastante rígida, além disso, não havia propriedade privada, tudo pertencia ao Estado, na figura divina do imperador.
Os incas tinham significativo conhecimento da arquitetura. Um exemplo disso é a cidade de Machu Picchu, a qual revelou muito bem toda a eficiente infra-estrutura desta sociedade. Esses povos acreditavam no deus Sol (Inti), contudo também consideravam alguns animais como sagrados.
Maias
Os maias habitaram uma região formada pelos atuais territórios da Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (sul do México). Em razão da utilização de uma escrita hieroglífica, a civilização maia é aquela que proporciona as maiores dificuldades de estudo pelos historiadores.
Tais povos tinham uma sociedade rígida e hierarquizada, onde as camadas mais baixas tinham que pagar altos impostos para o imperador, considerado divino. Sua economia era baseada na agricultura, principalmente no cultivo do milho, alimento que era visto com algo sagrado.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

ABSOLUTISMO - MERCANTILISMO - COLONIALISMO


Absolutismo

Podemos definir o absolutismo como um sistema político e administrativo que prevaleceu nos países da Europa, na época do Antigo Regime (séculos XV ao XVIII ). No final da Idade Média (séculos XIV e XV), ocorreu uma forte centralização política nas mãos dos reis. A burguesia comercial ajudou muito neste processo, pois interessa a ela um governo forte e capaz de organizar a sociedade. Portanto, a burguesia forneceu apoio político e financeiro aos reis, que em troca, criaram um sistema administrativo eficiente, unificando moedas e impostos e melhorando a segurança dentro de seus reinos.
Nesta época, o rei concentrava praticamente todos os poderes. Criava leis sem autorização ou aprovação política da sociedade. Criava impostos, taxas e obrigações de acordo com seus interesses econômicos. Agia em assuntos religiosos, chegando, até mesmo, a controlar o clero em algumas regiões.
Todos os luxos e gastos da corte eram mantidos pelos impostos e taxas pagos, principalmente, pela população mais pobre. Esta tinha pouco poder político para exigir ou negociar. Os reis usavam a força e a violência de seus exércitos para reprimir, prender ou até mesmo matar qualquer pessoa que fosse contrária aos interesses ou leis definidas pelos monarcas.


EXEMPLOS DE ALGUNS REIS DESTE PERÍODO

Henrique VIII - Dinastia Tudor : governou a Inglaterra no século XVII
Elizabeth I - Dinastia Stuart - rainha da Inglaterra no século XVII
Luis XIV - Dinastia dos Bourbons - conhecido como Rei Sol - governou a França entre 1643 e 1715.
Fernando e Isabel - governaram a Espanha no século XVI.

TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO

Muitos filósofos desta época desenvolveram teorias e chegaram até mesmo a escrever livros defendendo o poder dos monarcas europeus. Abaixo alguns exemplos:

JACQUES BOSSUET

Para este filósofo francês o rei era o representante de Deus na Terra. Portanto, todos deveriam obedecê-lo sem contestar suas atitudes.
NICOLAU MAQUIAVEL
Escreveu um livro, " O Príncipe", onde defendia o poder dos reis. De acordo com as idéias deste livro, o governante poderia fazer qualquer coisa em seu território para conseguir a ordem. De acordo com o pensador, o rei poderia usar até mesmo a violência para atingir seus objetivos. É deste teórico a famosa frase : " Os fins justificam os meios."

THOMAS HOBBES

Este pensador inglês, autor do livro " O Leviatã ", defendia a idéia de que o rei salvou a civilização da barbárie e, portanto, através de um contrato social, a população deveria ceder ao Estado todos os poderes.

Mercantilismo

Podemos definir o mercantilismo como sendo a política econômica adotada na Europa durante o Antigo Regime. Como já dissemos, o governo absolutista interferia muito na economia dos países. O objetivo principal destes governos era alcançar o máximo possível de desenvolvimento econômico, através do acúmulo de riquezas. Quanto maior a quantidade de riquezas dentro de um rei, maior seria seu prestígio, poder e respeito internacional.
Podemos citar como principais características do sistema econômico mercantilista:

METALISMO

O ouro e a prata eram metais que deixavam uma nação muito rica e poderosa, portanto os governantes faziam de tudo para acumular estes metais. Além do comércio externo, que trazia moedas para a economia interna do país, a exploração de territórios conquistados era incentivada neste período. Foi dentro deste contexto histórico, que a Espanha explorou toneladas de ouro das sociedades indígenas da América como, por exemplo, os maias, incas e astecas.

INDUSTRIALIZAÇÃO

O governo estimulava o desenvolvimento de indústrias em seus territórios. Como o produto industrializado era mais caro do que matérias-primas ou gêneros agrícolas, exportar manufaturados era certeza de bons lucros.

PROTECIONISMO ALFANDEGÁRIO

Os reis criavam impostos e taxas para evitar ao máximo a entrada de produtos vindos do exterior. Era uma forma de estimular a indústria nacional e também evitar a saída de moedas para outros países.

PACTO COLONIAL

As colônias européias deveriam fazer comércio apenas com suas metrópoles. Era uma garantia de vender caro e comprar barato, obtendo ainda produtos não encontrados na Europa. Dentro deste contexto histórico ocorreu o ciclo econômico do açúcar no Brasil Colonial.

BALANÇA COMERCIAL FAVORÁVEL

O esforço era para exportar mais do que importar, desta forma entraria mais moedas do que sairia, deixando o país em boa situação financeira.

REFORMA E CONTRA-REFORMA RELIGIOSA


Motivos
O processo de reformas religiosas teve início no século XVI. Podemos destacar como causas dessas reformas : abusos cometidos pela Igreja Católica e uma mudança na visão de mundo, fruto do pensamento renascentista.
A Igreja Católica vinha, desde o final da Idade Média, perdendo sua identidade. Gastos com luxo e preocupações materiais estavam tirando o objetivo católico dos trilhos. Muitos elementos do clero estavam desrespeitando as regras religiosas, principalmente o que diz respeito ao celibato. Padres que mal sabiam rezar uma missa e comandar os rituais, deixavam a população insatisfeita.
A burguesia comercial, em plena expansão no século XVI, estava cada vez mais inconformada, pois os clérigos católicos estavam condenando seu trabalho. O lucro e os juros, típicos de um capitalismo emergente, eram vistos como práticas condenáveis pelos religiosos.
Por outro lado, o papa arrecadava dinheiro para a construção da basílica de São Pedro em Roma, com a venda das indulgências (venda do perdão).
No campo político, os reis estavam descontentes com o papa, pois este interferia muito nos comandos que eram próprios da realeza.
O novo pensamento renascentista também fazia oposição aos preceitos da Igreja. O homem renascentista, começava a ler mais e formar uma opinião cada vez mais crítica. Trabalhadores urbanos, com mais acesso a livros, começaram a discutir e a pensar sobre as coisas do mundo. Um pensamento baseado na ciência e na busca da verdade através de experiências e da razão.
A Reforma Luterana
O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica. Afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam vários pontos da doutrina católica.
As 95 teses de Martinho Lutero condenava a venda de indulgências e propunha a fundação do luteranismo ( religião luterana ). De acordo com Lutero, a salvação do homem ocorria pelos atos praticados em vida e pela fé. Embora tenha sido contrário ao comércio, teve grande apoio dos reis e príncipes da época. Em suas teses, condenou o culto à imagens e revogou o celibato. 
Martinho Lutero foi convocado as desmentir as suas 95 teses na Dieta de Worms, convocada pelo imperador Carlos V. Em 16 de abril de 1521, Lutero não so defendeu suas teses como mostrou a necessidade da reforma da Igreja Católica.
A Reforma Calvinista
Na França, João Calvino começou a Reforma Luterana no ano de 1534. De acordo com Calvino a salvação da alma ocorria pelo trabalho justo e honesto. Essa idéia calvinista, atraiu muitos burgueses e banqueiros para o calvinismo. Muitos trabalhadores também viram nesta nova religião uma forma de ficar em paz com sua religiosidade. Calvino também defendeu a idéia da predestinação (a pessoa nasce com sua vida definida).
A Reforma Anglicana
Na Inglaterra, o rei Henrique VIII rompeu com o papado, após este se recusar a cancelar o casamento do rei. Henrique VIII funda o anglicanismo e aumenta seu poder e suas posses, já que retirou da Igreja Católica uma grande quantidade de terras.
A Contra-Reforma Católica
Preocupados com os avanços do protestantismo e com a perda de fiéis, bispos e papas reúnem-se na cidade italiana de Trento (Concílio de Trento) com o objetivo de traçar um plano de reação. No Concílio de Trento ficou definido : 
- Catequização dos habitantes de terras descobertas, através da ação dos jesuítas;
- Retomada do Tribunal do Santo Ofício - Inquisição : punir e condenar os acusados de heresias
- Criação do Index Librorium Proibitorium (Índice de Livros Proibidos): evitar a propagação de idéias contrárias à Igreja Católica.
Intolerância
Em muitos países europeus as minorias religiosas foram perseguidas e muitas guerras religiosas ocorreram, frutos do radicalismo. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), por exemplo, colocou católicos e protestantes em guerra por motivos puramente religiosos. Na França, o rei mandou assassinar milhares de calvinistas na chamada Noite de São Bartolomeu.